Resenha de “Sementes do Amanhã: Cultivando um Legado” (2025)
Se o primeiro volume da série Sementes do Amanhã era sobre o recomeço, Cultivando um Legado é sobre a permanência. Aqui, Marcos Mantuan de Castro amadurece junto com seu protagonista, e o resultado é um romance mais denso, mais político e mais consciente de suas próprias raízes.
REPERCUSSÃO
Antônio Luiz Veredas
11/7/20251 min read


Lucas Cardoso agora é um homem de responsabilidades: a Fazenda Boa Esperança, outrora em ruínas, floresce sob seus cuidados. Mas a tranquilidade do campo é abalada pela ambição de Carlos Dementine, o prefeito corrupto de Grão Dourado, e pelo interesse internacional do empresário Amir Rahman, que tenta adquirir as terras. O que antes era uma história de autodescoberta torna-se uma luta ética, onde a honestidade e o amor pela terra enfrentam o poder e a corrupção.
A trama ganha um ritmo mais intenso, alternando o cotidiano da fazenda com conspirações políticas e reflexões morais. Mantuan de Castro expande o universo de Grão Dourado, transformando-o num microcosmo do Brasil contemporâneo — um país dividido entre o que produz e o que consome, entre a fé no trabalho e o desencanto com as instituições.
O autor demonstra segurança narrativa: o estilo, ainda lírico e imagético, adquire um tom mais grave e simbólico. A relação entre Lucas e Sophia Moraes, filha do fazendeiro Pedro, cresce e se consolida como eixo emocional da história. O amor aqui é sereno, terreno e maduro — um vínculo que nasce do companheirismo e da partilha do trabalho, não do ideal romântico urbano.
Cultivando um Legado reflete sobre o que significa herdar e preservar, num tempo em que tudo é descartável. Lucas entende que o verdadeiro legado não é apenas material — é moral. Ao resistir à corrupção e à cobiça, ele planta algo mais duradouro: a ética do cuidado.
O livro reafirma o propósito maior da série: honrar o campo como matriz de valores humanos. Se o primeiro volume evocava a semente, este celebra o cultivo — e, juntos, formam uma narrativa circular e simbólica sobre a vida.
Um segundo volume mais sólido e consciente, que amplia a dimensão moral e política da história.
Mantuan de Castro mostra-se um contador de histórias com propósito — e sua mensagem, neste tempo de pressa e descuido, soa oportuna e necessária.
