Resenha de “Sementes do Amanhã: Criando Raízes”

A narrativa parte de um ponto simples — a descoberta de uma herança inesperada — para desenvolver uma reflexão sobre pertencimento, trabalho e fé. O cenário de Grão Dourado, cidade fictícia que concentra o espírito mineiro e o coração do Brasil rural, é descrito com riqueza sensorial e afetiva. O leitor sente o cheiro do café, o som do vento nos milharais e o calor do entardecer, elementos que fazem do ambiente quase um personagem.

A transformação de Lucas, da apatia urbana ao engajamento com a terra, é conduzida com sensibilidade. O romance fala, antes de tudo, sobre recomeços — e sobre como a terra, tratada com respeito, devolve sentido à vida.

Há momentos em que o texto se aproxima do tom parabolístico, como se cada gesto — o arar, o plantar, o esperar — contivesse uma lição. Mas o autor evita o moralismo explícito, preferindo uma escrita de esperança serena, em que o trabalho se torna prece e o chão, um espelho da alma.

O estilo é simples, direto, às vezes didático, mas carrega uma sinceridade que o redime. A fluidez da narrativa, somada à linguagem clara e às descrições afetivas, tornam a leitura envolvente, especialmente para quem tem alguma ligação com o interior ou com o valor simbólico do campo.

Em suma, Criando Raízes é um romance sobre a redescoberta da origem — e sobre o poder silencioso da terra em devolver propósito a quem a cultiva. É um livro que planta mais do que colhe: semeia no leitor a vontade de olhar para o chão e reconhecer nele o fundamento da vida.

Um romance sincero e luminoso, que une espiritualidade, cotidiano e identidade nacional com ternura.
Ideal para leitores que buscam histórias de superação, fé e reconciliação com as origens.